segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Existe uma benção para o segundo casamento?


Muitos conseguem refazer o lar e outros já não têm a mesma felicidade e por motivos vários, preferem tentar um novo relacionamento conjugal.Sabemos que cada caso é um caso em particular, e você tem o direito, se quiser de expor como membro a sua situação conjugal.
Existe no meio evangélico quase um consenso de que o divórcio e, conseqüentemente, um segundo casamento são atos pecaminosos,indignos de pessoas que declaram Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

A posição é baseada em passagens bíblicas como Malaquias 2.16, onde Deus deixa claro que “odeia o divórcio” e que este não foi o plano inicialmente estabelecido para a família. Porém, a própria Palavra do Senhor mostra que em algumas situações como infidelidade, relatada em Mateus 19, ou abandono, como esclarece 1 Coríntios 7.15, a separação é aceita e deixa a pessoa livre da condenação do pecado e do julgamento de outras pessoas.
Apesar das argumentações serem variadas, assim como as interpretações, o notório é que o tema é um tabu entre crentes e gera várias discussões.
Ao lado das questões espirituais, e por ser uma decisão que não afeta diretamente a vida do casal, mas de toda a família, é preciso levar em conta vários fatores antes de chegar a uma decisão. Até que ponto o divórcio e o novo casamento são atitudes realmente corretas aos olhos do Senhor? Como a igreja deve lidar com essa crescente situação? O que a Palavra de Deus diz sobre o assunto? Caso existam filhos, como eles reagirão à separação?

Estas são algumas das questões que devem ser feitas. “A decadência moral da sociedade contemporânea está influenciando a igreja. Em vez de a igreja lutar contra a cultura do relativismo mundano, ela está sendo influenciada”, afirma o pastor e escritor Hernandes Dias Lopes.

Lopes explica que em apenas duas situações o divórcio é legitimado: infidelidade (Mt 19.3-12) e abandono (1 Co 7.15). O autor do elucidativo Casamento, Divórcio e Novo Casamento (editora Hagnos) não é favorável à separação. Em sua obra, ele não aborda apenas questões sobre o divórcio, mas mostra ensinamentos para a boa convivência do casal e de como se construir um matrimônio sólido: “Penso que o perdão e a mudança de conduta são melhores do que a separação”.
Estudioso do tema e com aproximadamente 25 anos de experiência no aconselhamento de casais, Lopes, que está à frente da 1ª Igreja Presbiteriana de Vitória (ES), explica que as pessoas que optaram pela separação dentro do que é previsto pela Bíblia não podem ser condenadas e nem vistas como pecadoras por decidirem casar novamente.

Para ele, quem proíbe ou condena o novo casamento de divorciados segundo as leis bíblicas comete um erro. “A Bíblia não nos autoriza a colocar esse fardo sobre os ombros daqueles que foram vítimas da infidelidade do cônjuge ou abandonados. Assim, onde a Bíblia permite o divórcio, ela também ratifica o novo casamento”, ensina. “Chamar de pecado o que Deus não chama de pecado é um grave erro. O apóstolo Paulo alerta para o ensino perigoso dos espíritos enganadores que proíbem o casamento (1 Tm 4.3)”, escreve.
Na avaliação do pastor e terapeuta familiar Josué Gonçalves, existe muita “ignorância quando se trata de separação conjugal”. Muitas vezes, a igreja acaba esquecendo de seguir o exemplo da compaixão ensinada por Jesus Cristo e acaba atrapalhando mais do que ajudando as pessoas que foram obrigadas a tomar essa decisão. Embora seja contrário à banalização do casamento, Gonçalves, que atende casais e realiza palestras em várias regiões do Brasil e do exterior, reconhece que, em “alguns casos”, a separação “é uma questão de bom senso e de preservação até da integridade física”. Outro fator para a crise do casamento é a secularização, que tem deixado muitas marcas entre os crentes. “A causa principal é a crise de compromisso que estamos vivendo dentro e fora dos portões da igreja. Amar, antes de ser um sentimento, é uma decisão. Esta decisão precisa ser responsável e de longa duração. A igreja não pode perder o senso de radicalidade do Evangelho”, comenta.
Após cinco anos de casamento, Deborah dos Santos Travassos, 30 anos, foi obrigada a colocar um ponto final em seu casamento depois que descobriu que o ex-marido, que ocupava cargos de liderança, mantinha, há mais de um ano, um caso extraconjugal com uma irmã da igreja onde congregavam. Depois de tomar conhecimento da traição, nos doze meses seguintes ela ainda tentou salvar o casamento. Porém, como o ex-marido não mudou sua conduta, preferindo ficar com a amante, Deborah decidiu buscar a própria felicidade. “Eu estava sendo humilhada e não podia ficar correndo atrá

Embora sua vida espiritual tenha sido inicialmente abalada, Deborah nunca perdeu a fé e a esperança de construir uma família. Orientada por seu pastor e crendo que Deus a ajudaria a solucionar seu drama, ela se casou novamente. Hoje, passados cinco anos ao lado de Moisés, que na época iniciava na caminhada cristã, ela comemora um dos melhores momentos de sua história (Deborah também é mãe de uma linda menina chamada Letícia). “Sempre tive certeza da vitória. E hoje vivo aquele sonho que sempre quis ter”, garante. “Na época, quando tudo aconteceu, muitas pessoas me disseram que a glória da segunda casa seria melhor do que a primeira”, afirma, dizendo que tem vivenciado essa verdade bíblica. “Quando você está na presença de Deus e fazendo as coisas certas, tudo acaba te conduzindo a Ele.”
Josué Gonçalves afirma que cada divórcio tem uma história e os diversos casos não podem ser tratados de forma generalizada. Falta de maturidade, de comunicação, desajuste sexual, ciúme doentio, insatisfação sexual, falta de conselheiro, intromissão de parentes no casamento, desequilíbrio financeiro, incompatibilidade espiritual e falta de perdão são as principais causas que têm levado casais a terminarem um matrimônio. Nessa circunstância, a congregação, como defensora da família, tem importantes papéis a cumprir, como preparar os que vão se casar, tratar das uniões em crise e socorrer as pessoas que passaram pelo divórcio. “A igreja deve buscar sempre trabalhar na restauração dos casamentos arruinados. Porém, existem pessoas que foram abandonadas, traídas, forçadas por uma situação irreversível e precisam ser assistidas, tratadas, apoiadas e curadas.

A igreja é uma grande clínica da alma: tem a missão de curar aqueles que sofreram uma separação que sempre é traumática”, frisa.

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